terça-feira, 18 de junho de 2013

A Origem dos Atos de Vandalismo

Estou postando o texto "A Origem dos Atos de Vandalismo" da professora Gladis Pedersen de Oliveira, pedagoga, especialista em Educação, vice presidente do Conselho do Ensino Religioso do Rio Grande do Sul (CONER/RS), que fez uma reflexão sobre os acontecimentos do dia 17.06.2013, em Porto Alegre.


"A Origem dos Atos de Vandalismo"

         Quem é o vândalo? Ou melhor, que coisa é o vândalo? Para irmos mais fundo ao assunto e provocarmos a reflexão do leitor que deve procurar responder essas duas questões.
         Assistimos perplexos, pela mídia ao vivo, as manifestações públicas justas sobre as questões básicas do nosso cotidiano como: transporte público precário e caro, saúde sem atendimento adequado, educação deficitária, excesso de impostos, corrupção, etc. Atos que devem ser normais num país democrático.
         Por que a perplexidade? O que se destaca na divulgação da mídia não é a causa justa de reivindicação, que não é expressa claramente pelos mentores e organizadores das mesmas. Ao concitarem, pela internet, a adesão às manifestações publicas as normas, as regras para a participação não ficam estabelecidas, não são claras. É a brecha para se infiltrarem os vândalos.
         Mas voltemos às questões iniciais: O que ele é e quem é ele? São adolescentes e jovens adultos, certamente provenientes de lares desajustados moralmente, foram criados sem regras, sem limites, sem princípios morais, sem ética, não se submeteram a autoridade normal paterna e materna, estruturaram sua personalidade sem valores morais sólidos, baseado no exemplo dos adultos, numa evidente falta de educação, no verdadeiro sentido da palavra, que  é  extrair do âmago do individuo suas potencialidades positivas.
Na escola regular pública foram instruídos num ambiente decadente, feio, por professores descontentes pela falta de valorização profissional e a escola mesmo possuindo um projeto políticopedagógico, bonito, bem escrito, mas por falta de recursos de toda a ordem, não aplicado na integralidade. Escola onde falta estrutura e professores preparados para desenvolver as dimensões da inteligência moral, emocional e espiritual do aluno, mas privilegiando a dimensão racional do mesmo, não o humanizando.
O vândalo é, na verdade, um animal racional somente. Ele não está humanizado pela educação, pela boa cultura. É um animal, com forma humana, que pensa, raciocina, não tem mais garras nem dentes caninos salientes e pontiagudos por causa da evolução da espécie da qual se originou, mas, ele usa armas para substituírem suas garras: paus, pedras, bombas, fogo, revolver, tintas, para atacar, destruir o que ele encontra e está inerte ou indefeso. Não é o que vimos pela projeção dos canais de TV?
Os vândalos não foram humanizados pela educação, pertencem a todas as classes sociais, muitos são órfãos de pais vivos, omissos que não os educaram e os abandonaram emocionalmente e moralmente na vida.
         Esses seres, irmãos nossos em humanidade, precisam, antes de tudo, de ajuda, de correção, de educação. Eles estão gritando, na sua insanidade, que foram relegados moral e espiritualmente pelas famílias, pelas escolas e pelo Estado.
         Precisamos parar para discutir a questão, refletir, mas especialmente agir. A tolerância ao erro, ao equivoco, a depredação deve ser zero, desde a mais tenra infância, no lar, depois na escola e na sociedade. Na verdade, muitos se omitem, por comodismo ou outros interesses, da sua responsabilidade de educar, exercer a sua  função legítima de autoridade, começando no lar, pelos pais, depois na escola, pelos professores, depois na sociedade pelas instituições sociais e públicas.
         O que vimos na noite do dia 17 de junho de 2013 em Porto Alegre? Os vândalos, verdadeiros animais, em pequenos bandos, agindo isoladamente, sem nenhuma coerção, destruindo o que encontravam pela frente, tanto patrimônio público ou privado. Observamos não só pela TV, mas pela janela de nosso apartamento na Cidade Baixa, jovens bem vestidos, sadios fisicamente, sarados, alguns escondendo o rosto com toucas, outros rindo ironicamente, aparentando uma felicidade bestial com a desordem provocada. Ouvimos seus gritos surdos pela acústica de nossa percepção emocional: Socorro! Estamos perdidos, nos ajudem, somos o resultado do que a família, a escola, a sociedade e o Estado fizeram de nós. O que vamos fazer com o que fizeram de nós?
         Precisamos, urgentemente, acordar como pais, educadores e gestores públicos para salvar nossas crianças e jovens de nossos equívocos educacionais e ajudá-los a se humanizarem para que a pergunta: O que eu vou fazer do que fizeram de mim possa mudar, quando eles forem reeducados para: O que eu escolho fazer do que fizeram de mim?
         Na educação encontramos a chave para resolver o aflitivo problema moral que vive a sociedade humana. Quantos jovens, diariamente são lançados na sociedade humana para se assumirem como cidadãos sem preparo adequado para tal. Eles não sabem agir de forma democrática e pacífica, reivindicando justiça social, como a maioria consegue fazer.
         Mesmo essa maioria de adolescentes e jovens adultos já humanizados pela educação, no lar, na escola e na vida social não tem demonstrado clareza no objetivo de suas reivindicações. A contestação é marca registrada da adolescência. Mas ele não deve intimidar a autoridade legitima de exercer a sua função de forma eficiente.
Gladis Pedersen Oliveira,
Pedagoga, Especialista em Educação,
vice presidente Conselho do Ensino

                                      Religioso  do Rio Grande do Sul                   (CONER/RS).


As fotos abaixo foram  publicadas no site ZERO HORA:



Manifestação frente Prefeitura Porto Alegre.
Crédito: Jefferson Botega/Agencia RBS
Policia acompanham o protesto
Crédito: Adriana Franciosi/Agencia  RBS


Manifestantes depredaram loja e arrastaram contêineres durante o protesto.
Crédito: Jefferson Boteja/Agencia RBS




terça-feira, 21 de maio de 2013

Lembrando Cecília Rocha

Cecília Rocha nasceu em Porto Alegre no dia 21 de maio de 1919, se estive entre nós Cecília estaria completando 94 anos hoje. Devido a idade e complicações de saúde, ela nos deixou em novembro de 2012, depois de uma vida dedicada a fazer o bem.