segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O MENSAGEIRO DA RENOVAÇÃO

No Século XVII, as doutrinas existentes já não satisfaziam as necessidades espirituais da sociedade humana. Os dogmas obscurantistas ao se permearem com os ensinos de Jesus reduziam grandemente o fulgor de seu Evangelho de perdão, de amor e de sabedoria. Havia, portanto, a necessidade urgente de emergir uma nova doutrina capaz de restabelecer a verdade que tinha sido velada pela ignorância dos séculos e trazer idéias novas para os homens do futuro.
O trabalho a ser desenvolvido pela espiritualidade superior era complexo e de longo curso pois já se sabia, de há muito tempo, que o Consolador prometido pelo Cristo viria e que a época se aproximava com celeridade. A escolha dos países do momento mais propício, do missionário especializado para a tarefa e das precauções com as possíveis variantes e demais imprevistos de jornada eram cuidadosametne analisados pelos prepostos do Nazareno.
Destacava-se, nesse projeto, a escolha da figura humana que se responsabilizaria pela sua implementação no seio da sociedade, bem como seus auxiliares diretos e indiretos, na árdua tarefa de estabelecer as bases de uma singular doutrina filosófica, pois os novos princípios, seriam capazes de abalar os alicerces religiosos das instituições vigentes. Teria que possuir a mente aberta para as idéias novas e a coragem necessária para enfrentar os desafios no futuro, bem como a sabedoria para discernir entre o falso e verdadeiro, naquele cipiol de informações que chegaria às suas mãos venerandas. Sim, porque uma doutrina mesmo que consistente não teria o alcance necessário se a mesma fosse colocada de uma forma descuidada e sem o aprofundamento imprescindível.
Foi assim, então, que reencarna a 3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon na França,( portanto a 207 anos), um menino chamado Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob cujos ombros estaria reservada a tarefa de organizar, sob a égide dos espíritos superiores, a doutrina que ofereceria uma nova visão de mundo para a humanidade. Filho de uma família culta, voltada para a magistratura, ele foi qualificar sua educação em Yverdum, na Suiça, com o célebre pedagogo João Henrique Pestalozzi. Recebeu lá uma educação cuidadosa e formadora de seus alicerces intelectuais e morais. Tornou-se bacharel em ciências e letras, poliglota, autodidata em medicina e astronomia, escritor e pedagogo de nomeada. Estava assim, preparado cultural e moralmente o nobre missionário da renovação.
O tempo passa e o insigne professor Rivail começa a estudar os estranhos fenômenos que ocorriam em Paris, os quais resultariam na codificação da Doutrina Espírita, a partír da qual, surge a figura esplendorosa de Allan Kardec, pseudônimo que o prof. Rivail passa a adotar com o lançamento de O Livro dos Espíritos.
A tarefa de Allan Kardec era difícil e complexa, como diria Emmanuel, porque competia-lhe reorganizar o edifício desmoronado da crença.
O próprio Kardec diria certa vez que um missionário "não é o que parte com um encargo e sim o que regressa, triunfante, após o desempenho", e foi justamente o que ocorreu com a sua tarefa. Ele a recebeu com uma coragem ímpar, desincumbindo-se dela com desenvoltura e regressa triunfante a pátria espiritual. O Espiritismo na atualidade está ai, crescendo gradativamente e se estruturando em bases sólidas em todos o mundo. Seus princípios já fazem morada na mente das pessoas. Vemos, assim, a crença em Deus, na visão da Doutrina Espírita, ser estudada pela ciência, os estudos sobre imortalidade da alma, a reencarnação já é pesquisada em vários países, os fenômenos mediúnicos são mais conhecidos e já se descortina um trabalho a respeito da pluralidade dos mundos habitados. No Brasil, o Espiritismo avança celeremente a partir de uma organização elaborada e o mundo vê a formação gradativa do Conselho Espírita Internacional.
Ave Kardec, nós te saudamos, te agradecemos e te apresentamos atualmente uma Doutrina Espírita em franco progresso. Duzentos e sete anos após a tua chegada entre nós vê-se o Espiritismo ser estudado por milhões de adeptos no mundo e se tornar, gradativamente, um grande auxiliar na transformação moral da sociedade humana o que, por sinal, era o que tu mais almejavas para os povos da terra.

Este texto é o Editorial da revista Reencarnação nº 428 - 2º semestre 2004, órgão de divulgação da FERGS (Federação Espírita do Rio Grande doSul), essa edição da revista foi em homenagem aos 200 de nascimento de Kardec - 1804 - 2004.

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