quinta-feira, 9 de junho de 2011

PROJETO CONTE MAIS

“A ORIGEM DAS HISTÓRIAS QUE COMPÕEM O PROJETO “CONTE MAIS”

A origem das histórias que compõem os quatro livros da Coleção “Conte Mais”, organizada pela professora Eloína da Silva Lopes e Sonia Alcalde, remonta ao ano de 1948.
Naquela época a FERGS era presidida pelo Cel. Hélio de Castro, tendo como vice-presidente Francisco Spinelli que, preocupado com a educação moral da criança e do jovem, criou o Serviço de Evangelização das Gerações Novas. Para coordenar esse trabalho convidou a professora Dinah Fagundes que frequentava o I.E. Dias da Cruz, de Porto Alegre, e já evangelizava as crianças que frequentavam a Instituição.
Dinah formou pequeno grupo de trabalhadoras que atuavam na evangelização em suas casas espíritas: Alba Saucedo, do I. E. Amigo Germano, Alcina Taborda Garcia, do Atheneu Espirita Cruzeiro do Sul, Ecy Borba Barbedo, Maria de Lourdes Proença, entre outras pessoas.
O desafio da nova equipe de trabalho da Fergs era:
# organizar os programas para as aulas de evangelização;
#elaborar material didático - pedagógico para servir de suporte para as aulas
# preparar os espíritas adultos, dos centros espíritas, interessados em desempenhar a tarefa de evangelização das gerações novas.
Dona Dinah era experiente professora, bem como Dona Alcina. Dona Alba já era dirigente da área educacional do I.E. Amigo Germano, que atendia crianças carentes e, em breve, as primeiras aulas já estavam planejadas. Em sala de aula era utilizada a história, pois elas sabiam que a linguagem simbólica facilita a compreensão do ensinamento moral de forma amena e prazerosa para a criança, bem como outros recursos didáticos.
O grupo pesquisava todos os recursos da literatura infanto-juvenil já publicados para buscar inspirações. Coleção como “O Mundo da Criança”, a revista “Bem-te-vi” e os clássicos das histórias infanto-juvenis. Dona Dinah foi aluna e admiradora de Malba Tahan, notável contador de histórias, e ela buscava seguir as pegadas de seu mestre.
A 1º de maio de 1948 a equipe do Serviço de Evangelização das Novas Gerações deu a 1ª aula oficial no I.E. Dias da Cruz que amparava considerável número de crianças nas suas dependências. Os adultos candidatos à tarefa de evangelização observavam, sentados no fundo da sala, o desempenho docente das evangelizadoras e a reação dos evangelizandos. O Grupo de educadores repetiu a experiência em outros centros espíritas de Porto Alegre, com o mesmo objetivo. Outras pessoas iam sendo agregadas ao grupo: Alberto Rocha, Cecília Rocha, Zalmino Zimmermann, Anita Zimmermann, Lourdes Proença, Maria Spinelli Varela, Zilá Silva, Lilia Carbonell, Benta Palermo, Olga Marchi, Helio e Odete Burmeister, entre outros.
Em 1966 juntou-se ao grupo a professora Eloína da Silva Lopes, de Bagé, que passou a trabalhar, orientada por Dinah, na Literatura Infanto- Juvenil, bem como a professora Gladis Pedersen, poucos anos depois.
Dona Dinah coordenou a elaboração dos recursos didáticos para os planos de aula por mais de quarenta anos.
Durante esse período, a dedicada evangelizadora permanecia, com sua equipe de assessoramento, todas as quartas-feiras à tarde na sala do DIJ/FERGS, das 14horas às 18h30, atendendo os coordenadores dos ciclos da infância e juventude na preparação das aulas.
O trabalho de criação das histórias era meticuloso. Levava-se em conta o tema moral da aula de evangelização, seus objetivos, a faixa etária dos evangelizandos, seu desenvolvimento psicológico, mental e físico, seus interesses e capacidade de compreensão.
A inspiração dos mentores espirituais da tarefa era intensa e ostensiva. Algumas histórias vinham pela via mediúnica, através da intuição ou da psicografia, nas atividades mediúnicas que os componentes da equipe participavam nas suas casas espíritas. Cada história era analisada, revisada, aperfeiçoada e colocada dentro das regras da gramática e da literatura infanto-juvenil.
A elaboração e seleção das histórias que hoje compõem o Projeto “Conte Mais” era feita dentro dos seguintes critérios:
# fidelidade aos postulados da Doutrina Espírita;
# adequação da linguagem ao nível das experiências dos educandos; #adequação do conteúdo à faixa etária a que se destinava a história, no que diz respeito à extensão, número de personagens, envolvimento do raciocínio concreto ou abstrato;
# exploração correta do elemento fantasia para não criar confusões na mente da criança, estabelecendo conceitos errôneos (fadas, gênios, bruxas, duendes, super-heróis, etc.);
# estar em consonância com os interesses e as emoções do evangelizando;
# apresentar os quatro elementos essenciais da história: introdução, enredo, clímax e conclusão;
# possuir as três características básicas da boa história: sugestão moral, unidade e ação.
As crianças pequenas (faixa etária dos 3 aos 6 anos) são imaginativas, o pensamento é concreto e mágico, são animistas, para elas tudo tem alma, vida. Gostam de histórias que tenham bichinhos, objetos, crianças, e de aventuras no ambiente familiar e comunitário. São as fábulas e os contos que estão reunidos no volume 1 da Coleção “Conte Mais”.
Para a faixa etária 7-8 anos as histórias mesclam situações que ainda exploram a imaginação e a criatividade da criança, com aventuras e peripécias mais de acordo com a vida real. Os personagens apresentam características semelhantes aos pequenos leitores ou ouvintes; eles erram, sofrem as conseqüências de seus atos e corrigem-se. As crianças, através da trama da história, têm oportunidade de educar as suas emoções básicas como o medo, a raiva, a tristeza, a alegria e o afeto. Essas histórias estão reunidas no volume 2 da Coleção Conte Mais.
Para a faixa etária dos 9-10 anos as histórias acompanham o desenvolvimento do pensamento racional dessa fase, são calcados na vida real, cheias de aventuras, de surpresas, suspense, que provocam o autoconhecimento, aceitação do outro, estimulam o gosto pela leitura, pela escrita, pelas boas atitudes e previnem contra a agressividade e violência. As histórias com os temas morais, em ordem alfabética, dessa fase estão reunidas no volume 3 da Coleção “Conte Mais”.
Para a faixa etária a partir dos 11-12 anos e Juventude, em que o desenvolvimento do pensamento racional, abstrato, hipotético-dedutivo é acelerado, quando ocorrem crises emocionais, rebeldia, inconformismo, insatisfação, busca de ídolos externos para servir de modelo de vida, as histórias devem ser verdadeiras, casos reais, biografias edificantes, que mostram superação de dificuldades, conflitos. Os personagens reais vão servir de estímulo e modelo de vida que o jovem vai interiorizar e buscar imitar. Essas histórias estão reunidas no volume 4 do “Conte Mais”.
A ideia de publicar em livro as histórias que faziam parte dos planos de aula da FERGS surgiu na década de 80, quando Dona Dinah ainda estava ativa. Na sua modéstia e humildade ela foi contrária à idéia pois argumentava que muitas histórias tinham sido adaptadas, ou eram muito simples, o trabalho era coletivo. Como ficaria, questionava ela, a questão dos direitos autorais?
Quando Hélio Burmeister estava na presidência da FERGS, no período de 1988 a 1991, e a professora Gladis Pedersen de Oliveira na direção do DIJ/FERGS, as histórias que faziam parte dos planos de aula foram reunidos num acervo, com todo o cuidado para que fosse preservado esse patrimônio dentro da FERGS. A equipe que se desincumbiu dessa tarefa foi composta por Celina Córdova, professora Marilene Huff, Georgeta da Rocha, professora Valeria Chemale Espindola e Maria Inês Alves.
Em 2002, a professora Vilma Darde Ruiz, na direção do DIJ/FERGS, fez um apelo veemente à Diretoria Executiva da FERGS para que tomasse providências para a publicação das histórias já que existia a Editora Francisco Spinelli há quase 50 anos e nunca tinha editado livros, além disso os evangelizadores espíritas do Brasil solicitavam a disponibilização desse acervo para enriquecimento do trabalho da evangelização.
A vice-presidente da FERGS, professora Gladis Pedersen de Oliveira, ficou encarregada pelo presidente da FERGS, Jason de Camargo, de tomar providências nesse sentido.
Foi chamada a professora Eloína da Silva Lopes, residente em Bagé, em julho de 2002 para uma reunião com o DIJ/FERGS e a vice-presidente, para as tratativas da publicação das histórias em livro. Eloina, de posse do acervo das histórias, monta uma equipe em Bagé para ajudá-la, destacando-se Sonia Alcalde que coordenou um grupo de jovens da evangelização para a digitação das mesmas.
Foi um árduo desafio. Cada história foi revisada, a linguagem atualizada, algumas foram reescritas, sempre tendo em vista a faixa etária a que se destinavam, respeitando todas as suas características, e digitalizadas.
Em novembro a professora Eloína informou à professora Vilma como estavam organizando o trabalho. Não poderia ser um livro, havia muitas histórias (mais de 300): seriam organizados 4 volumes por faixa etária e tema moral, em ordem alfabética para facilitar a utilização.
Em fevereiro de 2003 Eloina e Sonia trazem o 1º CD com o volume 1 da Coleção Conte Mais pronto para ser impresso. Na ocasião foram feitos vários orçamentos gráficos e foi o escolhido o mais em conta.
O grande desafio era a impressão, pois não havia recurso financeiro para tal. Na época a FERGS não tinha dinheiro para cobrir o custo da impressão. A própria equipe que resgatou o acervo reuniu o recurso financeiro para pagar a impressão dos mil exemplares do volume 1. Foi um sucesso. Em três meses a edição estava esgotada.
Em 2004 os quatro volumes estavam editados e o volume I na segunda edição. Os direitos autorais foram registrados na Fundação da Biblioteca Nacional para a Federação Espírita do Rio Grande do Sul, com a cedência das organizadoras professoras Eloína da Silva Lopes e Sonia Alcalde.
A Federação Espírita do Rio Grande do Sul detém todos os direitos autorais da Coleção “Conte Mais”.
As histórias, que hoje pertencem à FERGS, estão presentes, ilustrando os planos de aulas da Evangelização Espírita infanto- juvenil das apostilas que formam a coleção 1, 2 e 3 do DIJ/FEB, bem como em outras apostilas didático-pedagógicas do DIJ/FEB, pois foi o trabalho realizado no movimento espírita gaúcho que serviu de base para a evangelização espírita nacional.
Em 2011, 63 anos distantes do 1º de maio de 1948, os números mostram a repercussão desse labor e a sua origem da Espiritualidade Superior, encarregada da tarefa de disseminação da moral evangélica no coração das gerações novas para que a humanidade terrena atinja a era de regeneração e paz tão almejada.
O volume 1 está na 5ª edição, com 11.000 exemplares publicados e comercializados, o volume 2, na 3ª edição com 9.000 exemplares, e o volume 4, atualmente esgotado, na 2ª edição, com 3.600 exemplares.
O volume 1 reúne 78 histórias das quais já foram transformadas em livros ilustrados infantis as seguintes: A Fuga do Zé, O Gatinho Mimoso, O Sonho de Carolina, O Biscoitão Redondo, O Passeio da Estrelinha Azul, A Borboleta Amarela, A Formiga e o Gafanhoto e os Três Amiguinhos. Há 70 histórias a serem transformadas em livros ilustrados infantis. Os livros ilustrados infantis possuem Livro de Atividades para facilitar o trabalho docente.
O volume 2 reúne 64 histórias. A proposta inicial para a organização de livros ilustrados desse volume é reunir em um livro duas ou mais histórias que tratem do mesmo tema moral, com texto maior e menos ilustração, como já ocorreu com o tema Amor à Verdade onde compõem o livro ilustrado as histórias "As Sementes Contaram” e “O Arrependimento de Diego”. Com o tema Caridade e Bondade um novo livro reuniu as histórias “A Casa da Velhinha” e o “Raio de Sol de Duas Pernas”, e com o tema moral sobre o valor da oração “A Pandorga de Sabu” e as “Botas do Carvoeiro”.
Resta um potencial de cerca de mais de 20 temas morais para serem transformados em livros individuais do volume 2.
Os volumes 3 e 4 reúnem mais de 100 histórias, acervo ainda a ser trabalhado na área editorial, levando em conta a faixa etária do público a que se destina.
Muito falta ainda a ser publicado desse projeto de luz que ilumina os caminhos dos espíritos que estão reencarnando para a nova era da humanidade.
A reunião das histórias na coleção “Conte Mais” foi orientação direta de Francisco Spinelli e dos espíritos pioneiros que a convite dele compuseram a equipe do Serviço de Evangelização das Gerações Novas. Francisco Spinelli, junto com seu grupo de trabalho, na espiritualidade continua sendo a mola propulsora desse projeto.
A mensagem da moral evangélica atinge o coração da criança e do jovem, estimulando o desabrochar de suas potencialidades divinas e ajudando a construir uma identidade moral positiva do cidadão da nova era.
Os livros estão chegando nas mãos das crianças e dos jovens, nos lares, nas escolas, propiciando aos pais e educadores material didático-pedagógico da mais alta qualidade, pois atinge a parte mais sensível do ser humano: a emoção e o sentimento. Os pequenos e jovens sentem-se atraídos pela forma prazerosa da literatura, a linguagem simbólica, que desperta a vontade inata, de ser bom, verdadeiro e útil a si e à sociedade.
São 63 anos de construção de uma trajetória de luz para a humanidade. São sementes de luz lançadas no solo fértil da mente das gerações novas.

Texto elaborado pelas professoras Gladis Pedersen de Oliveira, Eloína da Silva Lopes e Marilene Huff.


Bibliografia:
A Reencarnação, Número Especial comemorativo do Cinqüentenário da FERGS – 1971. Porto Alegre: FERGS.
A Reencarnação, nº 431 – 85 anos de História. Porto Alegre: FERGS, 2006.
LOPES, Eloína da Silva; ALCALDE, Sonia. Conte Mais 1: Itens Apresentação e Prefácio. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2003.
LOPES, Eloina da Silva; ALCALDE, Sonia. Conte Mais 2: Itens Apresentação e Prefácio. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2003.
LOPES, Eloina da Silva; ALCALDE, Sonia. Conte Mais 3: Itens Apresentação e Prefácio. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2004.
LOPES, Eloina da Silva; ALCALDE, Sonia. Conte Mais 4: Itens Apresentação e Prefácio. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2004.
OLIVEIRA, Gladis Pedersen de. A Missão e os Missionários. Porto Alegre: Ed. Francisco Spinelli, 2009.

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