terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Jaime Caetano Braun



Biografia
(Timbaúva, 30 de janeiro de 1924Porto Alegre, 8 de julho de 1999) foi um renomado payador e poeta do Rio Grande do Sul, prestigiado também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.
Era conhecido como El Payador e por vezes utilizou os pseudônimos de Piraju, Martín Fierro, Chimango e Andarengo.
Jayme formou-se em jornalismo em 1954 e, na década de 70, trabalhou como radialista na Rádio Guaíba, onde apresentava "Brasil Grande do Sul", programa especial que ia ao ar aos sábados pela manhã. Ele também foi funcionário público estadual. Trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado (Ipase) e dirigiu a Biblioteca Pública de 1959 a 1963. Aposentou-se em 1969.
Dotado de um talento extraordinário, escreveu livros como "Galpão de Estância" (1954), "De fogão em fogão" (1958), "Potreiro de Guaxos" (1965) e "Pendão Farrapo" (1978), alusivo à Revolução Farroupilha, além de outros e também gravou LP’S e CD’S. Foi parceiro de vários músicos regionalistas e padrinho de outros tantos que lançou na carreira artística.
Ele foi alambrador, tropeiro e curandeiro. Um artista missioneiro que fez da sua região o seu mundo e da sua aldeia uma Pátria.

Neste ano de 2012, o artista é homenageado pela Estância da Poesia Crioula com o "1º Concurso de Poesia Gauchesca Jayme Caetano Braun", que está com inscrições abertas até 15 de fevereiro. Participe...

A seguir, nacos de seu talento...

Hora da Sesta


O sol parece uma brasa

na cinza do firmamento.

Sobre o campo sonolento

ninguém está de vigília,

na lagoa - uma novilha,

bebe - de ventas franzidas

e duas graças perdidas

sentam na grama tordilha.


No galpão - tudo é silêncio,

e a cachorrada cochila

e a peonada se perfila,

estirada nos arreios,

só se escutam os floreios

da mamangava lubana

fazendo zoada, importuna,

nos buracos dos esteios.


Rompe o silêncio da seta

na guajuvira da frente

o tá-tá-tá impertinente

do bico dum pica-pau.


No galpão - um índio mau

quase enleia na açoiteira

a naniquinha poedeira

que vem botar no jirau.


Mas a soneira é mais forte

do que os gritos da galinha

e até as chinas da cozinha

cochicham meio em segredo,

Não há rumor no arvoredo,

nos bretes e nas mangueiras,

dormem as velhas figueiras

só quem não dorme é o piazedo.

É hora de caçar lagartos

e peleguear camoatim,

hora das artes sim fim

que o grande faz que ignora

e quanto guri de fora

criado no desamor,

numa infância de rigor

só foi guri nessa hora.


Hora de sesta - Saudades,

de juventude e de infância,

Hoje - ao te ver à distância,

quando a vida já raleia,

qual um sol bruxoleia

num canhadão se perdendo,

hoje - afinal - eu compreendo

por que guri não sesteia!

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